Como prometido no ano passado pelo Secretário de Cultura de São Paulo, a cidade ganhará seu primeiro Festival Verão Sem Censura. Entre os dias 17 e 31 de Janeiro a capital terá manifestações artísticas que foram censuradas ou atacadas na esfera federal no ano de 2019. Serão mais de 45 atrações democráticas e livres com shows, peças de teatro, exibições de cinema, exposições, debates, performances e tudo gratuito.
A mensagem que a Prefeitura de São Paulo quer passar com esse Festival é: Em São Paulo a cultura é Livre.
A abertura será no dia 17 de Janeiro na Praça das Artes com o show de Arnaldo Antunes, que teve seu videoclipe censurado na TV recentemente e na sacada do Theatro Municipal o DJ Rennan da Penha, funkeiro idealizador do Baile da Gaiola e preso em março e libertado em novembro, apresenta o seu trabalho.
Bruna
Surfistinha e Daspu
O filme “Bruna Surfistinha” de Marcus Baldini será exibido no dia 18 na Praça
das Artes. Logo após a exibição acontecerá um debate com Raquel Pacheco, cuja
autobiografia “O Doce Veneno do Escorpião” inspirou o filme, e a
atriz Deborah Secco, que interpreta a ex-prostituta no longa.
Em julho, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não poderia “admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha”.
E para arrematar, na sequência, acontece desfile de moda da Daspu, grife do movimento de prostitutas do Brasil criada por Gabriela Leite, e a festa LGBT Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile.
No dia 30, o Pussy Riot, banda punk rock feminista que teve integrantes condenadas à prisão na Rússia, em 2012, faz show com participação de Linn da Quebrada no Centro Cultural São Paulo (CCSP). No dia 29, a banda participa de debate com no mesmo espaço, após exibição do documentário “Act and Punishment”, de Yevgeni Mitta.
Roda Viva no Municipal
O Theatro Municipal recebe o encerramento do Festival, com apresentação da peça “Roda Viva”, do Teatro Oficina, sob direção de Zé Celso, no dia 31. O espetáculo, escrito por Chico Buarque e com direção de José Celso Martinez, foi censurado durante a ditadura civil-militar brasileira. O espaço também é palco do show “Divinas Divas”, com mulheres trans que também sofreram atos de censura durante a carreira, sob direção de Robson Catalunha, no dia 29.
Peças
Censuradas
A programação inclui diversos espetáculos censurados em 2019. No Centro
Cultural São Paulo (CCSP), “Caranguejo Overdrive”, de Aquela Cia de
Teatro, é exibido após ter a sua reestreia vetada no Rio de Janeiro. A peça foi
consagrada com o Prêmio Shell 2016 de Melhor Direção para Marco André Nunes,
Melhor Autor para Pedro Kosovski e Melhor Atriz para Carolina Virgüez. As
sessões acontecem nos dias 17, 18 e 19.
Censurada pela FUNARTE, a peça “RES PUBLICA 2023” já foi acolhida pela Prefeitura em outubro, quando estreou no CCSP. Agora, o espetáculo do grupo A Motosserra Perfumada chega ao Centro Cultural da Juventude (CCJ), nos dias 22 e 23.
Também no CCJ, acontece a apresentação de “Domínio Público”, na qual os artistas Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz, juntamente com Elisabete Finger, se juntam para uma reflexão a partir dos ataques sofridos em 2017.
A peça “Abrazo”, da companhia Clowns de Shakespeare, é apresentada nos dias 17, 18 e 19, no Centro Cultural Olido, após ter sido cancelada minutos antes de sua segunda sessão em Recife. O espetáculo infanto-juvenil é inspirado no “Livro dos Abraços”, de Eduardo Galeano, e conta a história de um local no qual abraços não são permitidos. Também no Olido, o espetáculo “Gritos”, da companhia Dos à Deux, é apresentado nos dias 17, 18 e 19. O motivo da censura teria sido a temática LBGT do espetáculo, que conta a história de uma travesti.
Exposições
O CCSP apresenta, entre os dias 17 e 31, uma exposição com
cartazes de filmes censurados, reconhecendo a importância dos cartazes para
preservar a memória do cinema brasileiro – em dezembro, cartazes foram
retirados das paredes da sede e do site da Ancine. Na Biblioteca Mário de Andrade,
é possível conferir a exposição “Banidos”, com obras do acervo de
livros raros censuradas na história literária. A abertura, no dia 17, conta com
bate-papo com Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras
que foram censuradas na época da ditadura, e Laura Mattos, autora do recente
Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura.
Cinema
No CCSP, é exibido o premiado “A Vida Invisível”,
que representou o Brasil na corrida pelo Oscar. O longa-metragem de Karim
Aïnouz seria exibido para os servidores da Ancine em dezembro, mas foi vetado
pela direção do órgão, do qual o filme também teve os seus cartazes removidos
das paredes. A sessão acontece dia 19, na Sala Lima Barreto. O espaço também
apresenta uma Sessão de curtas LGBT, no dia 18. No dia 19, são exibidos os
filmes “Bixa Travesty” e “Corpo Elétrico”, além de uma
sessão de médias-metragens.
Confira a programação completa:
Festival Verão Sem Censura – 2020
Programação Gratuita
Praça das Artes
Av. São João, 281, Centro, metrô República, Anhangabaú ou São Bento
17/01
20h00 Arnaldo Antunes
18/01
21h30 Conversa com a Déborah Secco e Raquel Pacheco
22h00 Exibição do filme “Bruna Surfistinha”
00h00 Daspu – Desfile de abertura
00h30 Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile
Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1.000, metrô Vergueiro
17/01
21h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro
18/01
21h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro
19/01
15h A Vida Invisível – Sala Lima Barreto
17 a 31/01
Exposição com cartazes de filmes censurados
18/01 – Circuito Spcine
16h Sessão de curtas LGBT
Vando Vulgo Vendita
O Órfão
Preciso dizer que te amo
Reforma
Tea for two
Swinguerra
19 /01 – Circuito Spcine
15h Corpo Elétrico
17h Sessão de médias
Verona
Nova Dubai
19h Bixa Travesty
19/01
20h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro
29/01
19h Exibição do longa metragem “Act and Punishment” – Sala Paulo
Emílio
21h30 Debate com integrantes
30/01
20h Pussy Riot com participação de Linn da Quebrada
Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94, Centro, metrô República ou Anhangabaú
17/01 a 31/01
19h – Banidos – Obras censuradas no decorrer de três séculos fazem parte dessa
exposição do acervo de raridades da Biblioteca Mário de Andrade. Incluem-se
desde títulos como Comedia Eufrosina, de Jorge Ferreira de Vasconcellos, peça
de teatro do século 16 censurada pela Igreja e incluída no Index de livros
proibidos; chegando a Capitães da Areia, de Jorge Amado, incinerado em praça
pública pelo Estado Novo, em 1937.
No dia da abertura, 17 de janeiro, 19h, bate-papo vai reunir Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras que foram censuradas na época da ditadura; e Laura Mattos, autora do recente Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura. Moderação: Maria Fernanda Rodrigues
18 e 19/01
19h – O Caderno Rosa de Lori Lamby – Uma menina de oito anos escreve um diário
com peripécias sexuais. Peça baseada em obra homônima de Hilda Hilst, na
fronteira onde se encontram a irrealidade, o tabu, o desejo e a inocência da
imaginação infantil. Iara Jamra vive o papel, com direção geral de Bete Coelho
e direção de arte de Cassio Brasil.
21/01
19h – Cabaré da Fossa – Entre o humor e o drama, essa leitura homoerótica
inclui também canções e cenas de filmes e ficará a cargo de Caetano Romão,
Ismar Tirelli Neto e Ricardo Domeneck, com a especialíssima participação de
Horácio Costa.
19h – Uma aula sobre 1984– O romance distópico de George Orwell, um dos livros que mais nos fizeram discutir sociedades totalitárias, acaba de completar 70 anos e será apresentado pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, autora do recente Sobre o autoritarismo.
23/01
19h – Erotismo censurado – Uma história de autores e obras malditos, de Sade a
Hilda Hilst, será apresentada nesta aula de Eliane Robert Moraes, filósofa e
ensaísta, uma das mais destacadas especialistas em literatura erótica e
proscrita. Trechos escolhidos serão lidos pela atriz Helena Ignez.
24, 25 e 26/01
19h – Navalha na Carne Negra – A peça de 1967 foi vetada pela ditadura, e seu
autor, Plínio Marcos, chegou a ter a integralidade de sua obra banida dos
palcos. Em cena, tudo começa com o dinheiro deixado pela prostituta Neusa Sueli
para seu cafetão Vado. Com Lucélia Sérgio, Raphael Garcia e Rodrigo dos Santos,
e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo.
25/01
das 10h às 13h, das 14h às 17h – Oficina de poesia sem censura, com Angélica
Freitas – Neste laboratório, comandado pela poeta Angélica Freitas (Rilke
Shake, 2007; Um útero é do tamanho de um punho, prêmio APCA 2012) os
participantes utilizam o caderno como espaço de experimentação para aguçar suas
habilidades poéticas. 20 vagas, oficina sequencial, das 10h às 13h, das 14h às
17h.
28/01
19h – Proibidas – A revista literária “Puñado”, editada por um
coletivo de mulheres, vai fazer um clube de leitura especial, com trechos de
autoras latino-americanas brancas e negras que foram censuradas, proibidas ou
sofreram resistência, seja pelo teor político, seja pelo teor moral. Com Laura
Del Rey e Raquel Dommarco Pedrão, organizadoras da Puñado, e as convidadas
Hailey Kaas, Jéssica Balbino, Luciana Bento e Vanessa Ferrari.
29/01
19h – Marighella – Personagem da história política brasileira que enfrentou
censura tanto em vida quanto após sua morte é o tema desse diálogo que reúne o
escritor e jornalista Mário Magalhães, autor de sua biografia, e Maria
Marighella, sua neta, que está à frente do relançamento de volume de escritos,
Chamamento ao povo brasileiro. Moderação: Rodrigo Casarin.
30/01
19h – Mulheres nos anos de chumbo – As romancistas Claudia Lage e Maria Valéria
Rezende e a historiadora Maria Claudia Badan Ribeiro conversam sobre a escrita
ficcional e historiográfica que reconstitui a atuação feminina e a repressão de
1964 à reabertura política. Participação especial de Adelaide Ivánova, que
apresentará duas performances. Mediação: Robson Viturino
30 e 31/01
19h – Calabar, o elogio da traição – Por uma década ficou censurada esta peça
de teatro musicada de Chico Buarque e Ruy Guerra que recupera a figura de
Domingos Fernandes Calabar, que tomou partido dos holandeses, contra a coroa
portuguesa, durante a Insurreição Pernambucana. Esta adaptação para leitura
dramática, com onze atores e três músicos, é assinada por Renata Palottini e é um
projeto do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, da
ECA-USP. Direção de Roberto Ascar e direção musical de Jean Garfunkel.
Centro Cultural Olido
Av. São João, 473, Centro, metrô República
17, 18 e 19/01 – Sala Paissandu
18h Abrazo – Grupo Clowns de Shakespeare
17, 18 e 19/01 – Sala Olido
21h Gritos – Cia Dos à Deux
Centro Cultural da Diversidade
Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi, CPTM Cidade Jardim
18/01
21h A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro
19/01
19h A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro
25/01
21h Sombra – Teatro da Pomba Gira
26/01
19h Sombra – Teatro da Pomba Gira
Teatro Flávio Império
Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba, CPTM Engenheiro Goulart
18/01
20h O Crime da Cabra – Cia do Sal
19/01
19h O Crime da Cabra- Cia do Sal
29/01
20h Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental
30/01
20h Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental
Vila Itororó
Rua Pedroso, 238 – Bela Vista, metrô São Joaquim
18 e 19/01
15h Blitz, o império que nunca dorme – Trupe Olho da Rua
25 e 26/01
20h Quando Quebra Queima – Coletiva Ocupação
Centro Cultural da Juventude
Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 – Vila dos Andrades
17 e 18/01
20h Domínio Público
22/01
20h Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada
23/01
20h Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada
Centro de Culturas Negras
Rua Arsênio Tavolieri, 45, metrô Jabaquara
25 e 26/01
16h Macacos – Cia do Sal
Praça Ramos de Azevedo
Centro, s/nº- metrô Anhangabaú ou República
31/01
23h Cortejo com a Espetacular Charanga do França
00h Festa com Tarado Ni Você
01h Minhoqueens
Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/nº, metrô Anhangabaú ou República
17/01
23h Rennan da Penha (Sacada)
29/01
20h Divinas Divas
31/01
19h Roda Viva com Teat(r)o Oficina
22:30 Concentração da Espetacular Charanga do
França (Na frente do Theatro)
23h Cortejo: Roda Viva e Espetacular Charanga do França
OBS.: Todas as apresentações de teatro serão seguidas de mediação.
PARCERIA
CASA 1
R. Adoniran Barbosa, 151, Bela Vista
17 a 31/01
Projeto Instituto Temporário de pesquisa sobre censura – um mergulho crítico
sobre a trajetória da censura