Desde o dia 5 de dezembro a Ópera de Paris está em greve em protesto contra o projeto de reforma da Previdência na França. Desde essa data mais de 45 espetáculos foram cancelados resultando em uma perda de € 8 milhões para a instituição. Na Terça-Feira, dia 24 de dezembro, véspera de Natal, o Corpo de Dança, os técnicos e a Orquestra da Ópera de Paris fizeram um feito inédito. Resolveram protestar com o que fazem de melhor: um espetáculo, na rua.
Cerca de 40 bailarinas se apresentaram na calçada diante do Palácio Garnier, no centro de Paris. Entre a execução da orquestra sinfônica de 2 “Marselhesas, o hino nacional Francês o corpo de dança da Ópera de Paris interpretou um ato do balé “O Lago dos Cisnes”, de autoria do compositor russo Piotr Ilitch Tchaïkovski. Ao fundo a população podia ver faixas com os dizeres: “Ópera de Paris em greve” e “A cultura em perigo”.
“Embora estejamos em greve, quisemos oferecer um momento de graça neste 24 de dezembro. Apesar do frio, as meninas quiseram se dar esse desafio e os músicos quiseram acompanhá-las”, declarou à imprensa o bailarino Alexandre Carniato, de 41 anos.
Os artistas aderiram à greve
O projeto de Reforma da Previdência da França prevê uniformizar a situação de todos os trabalhadores, passando de 62 anos para 64 anos a idade mínima para aposentadoria e acabando com os 42 para regimes especiais. A Comédie Française e a Ópera são as únicas instituições culturais afetadas pelos planos do Executivo Francês. Atualmente, os membros do corpo de dança da Ópera de Paris podem se aposentar aos 42 anos, regime esse que é um dos mais antigos da França, que data de 1658, sob o reinado de Luís XIV.
Os artistas justificam a idade considerada precoce para aposentadoria com o fato da profissão exigir que se comece muito cedo e com anos de sacrifícios. “Nos martelam desde os 8 anos de idade dizendo que temos uma missão importante ao dançar na Ópera de Paris, que é um símbolo da França. O que as bailarinas mostraram hoje são 15 anos de sacrifícios, de trabalho constante. Para chegar a esse nível há um limite. Se quisermos continuar vendo belas dançarinas e belos dançarinos em cena, não podemos continuar até os 64 anos, não é possível”, afirma Alexandre Carniato.
“Nos martelam desde os 8 anos de idade dizendo que temos uma missão importante ao dançar na Ópera de Paris, que é um símbolo da França. O que as bailarinas mostraram hoje são 15 anos de sacrifícios, de trabalho constante. Para chegar a esse nível há um limite. Se quisermos continuar vendo belas dançarinas e belos dançarinos em cena, não podemos continuar até os 64 anos, não é possível”, afirma Alexandre Carniato.
A nossa arte está em perigo
E a bailarina Elöise Jocqueviel, de 23 anos, explica melhor como é a vida profissional de dedicação desses artistas:
“Comecei a escola de dança aos oito anos. Deixei minha família e tive que adaptar meu percurso escolar. Com cinco horas de dança por dia, aos 17, 18 anos, enfrentamos lesões crônicas, tendinites, fraturas devido ao cansaço e dores. Somos vários a não conseguir nem mesmo terminar o Ensino Médio. É nossa arte que está em perigo”.
Em comunicado Oficial o Corpo de Dança da Ópera afirma: “A eliminação de nosso sistema de aposentadorias para nos fazer entrar à força em um regime que não nos corresponde em nada, pode destruir o equilíbrio de nosso coletivo de trabalho”,