O cantor e compositor Moraes Moreira, ex-integrante do grupo Novos Baianos, faleceu na manhã de segunda-feira (13) no Rio de Janeiro. Ele tinha 72 anos de idade.
Até o momento, a causa da morte ainda não foi divulgada.
Amigo próximo de grandes nomes da música brasileira, Moreira começou sua carreira na década de 1960, quando foi um dos fundadores do Novos Baianos. Ao lado de Luiz Galvão, foi responsável pela composição de boa parte dos sucessos do grupo. Em 2007, a revista Rolling Stone declarou “Acabou Chorare“, álbum de 1972 do grupo, como o maior disco da música brasileira.
Em 1975, optou por seguir carreira-solo, e permaneceu na ativa até sua morte. Inclusive, durante a quarentena, chegou a escrever um cordel sobre a pandemia de coronavírus.
Moraes Moreira deixa um filho e uma filha.
Confira o cordel “Coronavírus” na íntegra:
Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é a vacina
O professor que me ensina
É a minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mais atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo essa teoria?
Detesto falar de estupro
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não à violência
Toda noite e todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
Às vezes é que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a Polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo…
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também à misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já foram postas
Mas prevalecem os reles
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade
Fonte: Omelete