Augusto Boal foi um dramaturgo, escritor e diretor teatral brasileiro que revolucionou a cena teatral brasileira e latino-americana com suas técnicas e concepções. Boal nasceu em 1931 no Rio de Janeiro e faleceu em 2009, deixando um legado importante para o teatro contemporâneo.
Desde seus primeiros trabalhos no Teatro de Arena, na década de 1950, Boal já mostrava uma preocupação em criar uma linguagem teatral que pudesse traduzir a realidade do país, uma maneira brasileira de falar, sentir e pensar. Essa preocupação se tornaria uma marca de sua obra, que sempre esteve ligada à dimensão política e social.
Nos anos 1960, Boal desenvolveu uma técnica teatral que ficaria conhecida como Teatro do Oprimido. O objetivo principal dessa técnica é transformar o espectador em sujeito atuante, capaz de assumir um papel transformador da ação dramática. Dessa forma, o espectador se torna um protagonista e, ao mesmo tempo, um agente de mudança.
O Teatro do Oprimido parte da ideia de que o teatro convencional, com a quarta parede que separa o público do palco, cria uma relação passiva entre atores e espectadores. Nesse sentido, Boal propôs a quebra dessa barreira para que o público se tornasse mais ativo e participativo. O objetivo era que o espectador pudesse ensaiar sua própria revolução, sem delegar papéis aos personagens.
Uma das técnicas mais conhecidas do Teatro do Oprimido é o Teatro-Fórum, em que os atores representam uma cena até a apresentação do problema, e em seguida propõem aos espectadores que mostrem, por meio da ação cênica, soluções para o problema apresentado. Outras técnicas incluem o Teatro-Jornal, em que se transforma notícias de jornal em cenas teatrais, e o Teatro-Invisível, em que a cena é apresentada diante de pessoas que não sabem que estão sendo espectadoras da ação dramática.
Boal também desenvolveu a técnica do Teatro-Imagem, que busca ensaiar uma transformação da realidade através do uso da imagem corporal. Nessa técnica, um ator decide um tema-problema a ser tratado e, em seguida, alguns atores se disponibilizam no espaço cênico como massas moldáveis. O ator protagonista vai esculpindo essas estátuas, buscando representar imageticamente a situação em questão. Ao montar o quadro vivo, os espectadores são convidados a modificarem as imagens problema para uma situação ideal.
A obra de Augusto Boal influenciou não apenas o teatro brasileiro, mas também o teatro latino-americano e mundial. Boal escreveu diversos livros, muitos traduzidos em vários idiomas, além de ter colecionado títulos, prêmios e honrarias durante sua trajetória.