O Spotify está passando por uma onda de fraudes envolvendo músicas criadas por inteligência artificial (IA). A empresa de streaming de áudio mais popular do mundo teve que remover dezenas de milhares de músicas nesta semana em uma tentativa de conter o “streaming artificial”, que envolve o uso de contas falsas para aumentar o valor pago aos criadores. No entanto, o problema vai além disso.
A Universal Music Group, a maior gravadora do mundo, vem alertando há meses sobre a proliferação de novas músicas em plataformas como o Spotify, onde cerca de 100 mil canções são adicionadas todos os dias.
A empresa teme que o uso de IA generativa possa levar a uma avalanche de conteúdo indesejado nas plataformas e problemas relacionados aos direitos autorais existentes. A IA generativa é capaz de criar músicas que soam como se fossem produzidas por humanos.
Ela usa algoritmos e redes neurais para analisar e aprender a partir de grandes conjuntos de dados musicais, e em seguida, gera novas composições a partir desses dados.
Um caso em que obras criadas por computadores ganharam atenção foi recentemente, quando faixas falsas, geradas por inteligência artificial, estavam sendo vendidas como músicas supostamente vazadas antes do lançamento do cantor/produtor Frank Ocean.
O negócio fraudulento ocorreu em uma comunidade lotada de colecionadores de música na rede social Discord. Os membros dessas comunidades estão preocupados com a situação, que prejudicou a credibilidade do servidor e resultará em desconfiança de qualquer fornecedor novo e não verificado em todas essas comunidades.
O problema não é novo. Antes do surgimento de ferramentas generativas de IA, o Spotify já alertava os artistas para evitar ofertas de serviços para promover sua música usando bots. Em um vídeo postado em seu canal no YouTube no ano passado, os membros da empresa explicaram os riscos de longo prazo de estar vinculado à compra de streams, o que pode levar à exclusão de músicas do Spotify e à retenção da receita de direitos.
O problema está diretamente ligado ao modelo de negócios de plataformas de streaming como Spotify ou Apple Music, que distribuem royalties com base no número de reproduções das músicas. Com o aumento da oferta de serviços que prometem sucesso nessas plataformas por meio de streaming artificial, muitos artistas podem ser levados a usar esses serviços para tentar ganhar mais dinheiro. No entanto, essa prática pode prejudicar não apenas os artistas, mas também as plataformas de streaming e a indústria da música como um todo.
A proliferação de músicas feitas por IA pode resultar em um excesso de conteúdo nas plataformas, tornando mais difícil para os ouvintes encontrarem o que estão procurando. Além disso, pode criar problemas legais relacionados aos direitos autorais, pois as músicas geradas por IA podem acabar sendo muito semelhantes a outras músicas já existentes.
O uso de IA generativa na criação de música é um fenômeno fascinante e cada vez mais comum na indústria musical. No entanto, é importante que a tecnologia seja utilizada de forma ética e responsável, a fim de evitar fraudes e problemas legais. A questão que fica é: como a indústria da música pode lidar com a IA generativa e garantir que ela seja usada de maneira benéfica para todos os envolvidos?